Viajar com seu animal de estimação de avião: guia completo para um voo tranquilo

Com o crescimento do número de famílias com animais de estimação no Brasil e em Portugal, tornou-se cada vez mais comum viajar de avião com cães e gatos. Seja por lazer, mudança internacional ou trabalho, transportar seu companheiro de quatro patas exige planejamento detalhado. Não basta comprar uma passagem extra: há exigências específicas, regulamentos variados e condições que mudam conforme o destino. Este guia reúne todas as informações necessárias para viajar de avião com seu pet com segurança e tranquilidade.

Políticas das companhias aéreas: o que cada uma permite?

Cada companhia aérea possui regras próprias para o transporte de animais. Em geral, há três possibilidades: transporte na cabine, despachado como bagagem ou em compartimento de carga. O peso, tamanho e raça do animal são fatores determinantes.

  • LATAM: Aceita animais de até 7 kg (com caixa de transporte) na cabine em voos nacionais e internacionais.
  • Azul: Permite cães e gatos de até 5 kg na cabine; animais maiores são transportados no porão.
  • TAP Air Portugal: Exige passaporte europeu, vacinação antirrábica e atestado veterinário. Restrições para algumas raças.
  • Ryanair/EasyJet: Não permitem animais de estimação (exceto cães-guia).

É essencial entrar em contato com a companhia aérea no momento da reserva para confirmar as exigências específicas do voo.

Cabine ou porão: qual a melhor opção?

Embora muitos tutores queiram manter seus pets por perto, somente animais de pequeno porte podem viajar na cabine.

  • Requisitos para cabine:
    • Peso total (animal + caixa) inferior a 7–8 kg
    • Caixa de transporte macia, ventilada e que caiba sob o assento
    • O animal deve permanecer dentro da caixa durante todo o voo
  • Viagem no porão (bagagem despachada):
    • Peso máximo de até 45 kg (varia por companhia)
    • Raças braquicefálicas (ex: bulldog, pug) geralmente são proibidas

Durante o verão ou o inverno, muitas companhias restringem o transporte no porão devido a temperaturas extremas.

Documentação veterinária e requisitos sanitários

Essa é, muitas vezes, a parte mais burocrática do processo. As exigências variam conforme o país de origem e destino. Recomenda-se iniciar os trâmites pelo menos um mês antes da viagem.

  • Passaporte para animais: Obrigatório para viagens dentro da União Europeia. Deve conter número do microchip, vacinas atualizadas e exame clínico.
  • Atestado de saúde: Emitido por veterinário autorizado nos 7 dias anteriores ao voo
  • Certificado zoossanitário internacional (CZI): Obrigatório para exportação de animais do Brasil, emitido pelo MAPA (Ministério da Agricultura)
  • Exigências do país de destino: Japão exige sorologia e 180 dias de quarentena; os EUA são mais flexíveis

Segundo o MAPA, todos os animais que saem do Brasil devem estar identificados com microchip e vacinados corretamente.

Escolhendo a caixa de transporte adequada

A caixa de transporte é um item obrigatório e deve atender às normas da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo).

  • Caixa para cabine (flexível): Material respirável, forro absorvente e zíper resistente
  • Caixa para porão (rígida): Plástico resistente, ventilação adequada, trava dupla
  • Adaptação prévia: Acostumar o animal à caixa pelo menos 1–2 semanas antes do embarque

Caso real: em 2022, no aeroporto de Guarulhos, um cão foi impedido de embarcar porque a caixa não seguia os padrões exigidos. Planejamento evita frustrações.

Preparação na véspera e no dia do voo

Organizar-se corretamente reduz o estresse do animal e do tutor.

Na véspera:

  • Alimentação leve
  • Hidratação adequada
  • Dormir dentro da caixa de transporte

No dia do voo:

  • Passeio para relaxar
  • Colocar uma manta ou roupa com o cheiro do tutor dentro da caixa
  • Não oferecer comida nas 4 horas anteriores ao embarque

Nos aeroportos brasileiros, os animais devem permanecer na caixa durante toda a permanência nas áreas internas.

Durante o voo: como manter seu pet calmo

Mesmo viajando na cabine, o animal não pode sair da caixa. Sons, pressão e movimento podem causar desconforto.

  • Sedação: Apenas com prescrição veterinária; pode causar efeitos adversos
  • Tapetes higiênicos e neutralizadores de odor: Para evitar acidentes durante o voo
  • Protetores auriculares ou petiscos calmantes: Alternativas para animais sensíveis

O Conselho Federal de Medicina Veterinária recomenda evitar o uso de sedativos sem orientação profissional.

Chegada ao destino: inspeções e exigências

Na chegada, alguns países solicitam inspeção veterinária ou até quarentena.

  • Etapas comuns:
    • Verificação de documentos
    • Leitura do microchip
    • Autorização para entrada
  • Países com controle rigoroso:
    • Austrália, Japão, Reino Unido e Nova Zelândia podem exigir quarentena

Consulte o consulado ou veterinário para conhecer as exigências específicas do destino.

Ferramentas digitais e aplicativos úteis

Para facilitar o planejamento, considere os seguintes recursos:

  • PetFriendly Brasil: Lista hotéis e companhias que aceitam animais
  • Pet Travel Assist: Informações sobre exigências por país
  • Portal CZI MAPA: Sistema oficial de exportação de animais no Brasil

Esses recursos são especialmente úteis para roteiros com múltiplas escalas ou viagens longas.

Pós-voo: observação e adaptação do pet

É comum que o animal apresente sinais de estresse após a viagem, como falta de apetite ou inquietação.

  • Ambiente calmo e familiar para repouso
  • Retomar a rotina habitual de alimentação e passeio
  • Procurar um veterinário se os sintomas persistirem

Conclusão: voar com animais de estimação é totalmente viável quando bem planejado. Com tempo, informação e responsabilidade, é possível garantir uma viagem segura e confortável para todos.