Emergências como desastres naturais, quedas de energia, acidentes domésticos ou surtos de doenças podem acontecer a qualquer momento. Em situações assim, ter um kit de primeiros socorros bem montado em casa pode ser decisivo. No entanto, uma pesquisa da Cruz Vermelha Brasileira aponta que menos de 40% dos lares brasileiros mantêm um kit completo e atualizado.
Este guia foi desenvolvido para ajudar você a montar um kit de emergência doméstico completo, adaptado à realidade do Brasil. Considera os principais riscos enfrentados por famílias brasileiras, além de orientações oficiais, exemplos práticos e cuidados especiais com idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas.
Por que montar um kit de primeiros socorros agora?
O Brasil tem enfrentado eventos climáticos extremos com mais frequência, como enchentes, deslizamentos e apagões. De acordo com dados da Defesa Civil Nacional, muitas regiões ficam temporariamente isoladas nesses cenários, dificultando o acesso rápido a hospitais. Ter recursos para cuidar de emergências por pelo menos 72 horas é uma medida de precaução cada vez mais recomendada.
Princípios básicos: praticidade, organização e acessibilidade
- Foco em itens essenciais: evite excesso e escolha o que realmente será útil
- Verificação de validade: revise os itens a cada seis meses
- Armazenamento adequado: use caixas plásticas com tampa e divisórias internas
- Identificação clara: com etiquetas legíveis e, se possível, por cores
Kits prontos vendidos em farmácias podem servir como ponto de partida, mas é necessário personalizá-los conforme os perfis dos moradores da casa, como crianças pequenas ou idosos.
1. Itens para controle de sangramentos e imobilização
- Torniquete: para estancar hemorragias graves
- Gazes estéreis e faixas
- Tipoia e talas: para imobilizar braços ou pernas
- Luvas descartáveis (de látex ou nitrila)
Ferimentos e quedas são comuns em situações de pânico ou evacuação. Ter os materiais corretos para prestar socorro imediato reduz riscos de complicações até que o atendimento médico seja possível.
2. Medicamentos básicos para sintomas comuns
- Paracetamol ou ibuprofeno: para febre e dores
- Antiácidos e antidiarreicos
- Antialérgicos (ex.: loratadina, desloratadina)
- Antissépticos tópicos (ex.: clorexidina, PVPI)
Inclua versões infantis e adultas dos medicamentos. Organize com informações de dosagem e recomendações básicas para facilitar o uso correto durante emergências.
3. Produtos de higiene e prevenção de infecções
- Máscaras cirúrgicas ou PFF2
- Álcool em gel 70% e lenços antissépticos
- Capas descartáveis para termômetro
Desde a pandemia da COVID-19, a importância desses itens foi amplamente reconhecida. São indispensáveis para evitar contaminação cruzada, principalmente quando há mais de uma pessoa doente no domicílio.
4. Medicamentos de uso contínuo e cuidados especiais
Pessoas com doenças como hipertensão, diabetes ou asma devem ter uma reserva de pelo menos 3 dias de seus medicamentos, devidamente identificados e separados. Inclua bombinhas, glicosímetros, seringas, insulinas e outros insumos específicos quando necessário.
5. Equipamentos para monitoramento de sinais vitais
- Termômetro digital
- Aparelho de pressão arterial automático
- Oxímetro de pulso
Esses aparelhos ajudam a avaliar a gravidade dos sintomas e orientam se é necessário buscar atendimento médico imediato. São especialmente úteis para pacientes idosos ou com doenças respiratórias.
6. Guias de uso e instruções acessíveis
Inclua folhetos plastificados com instruções simples de primeiros socorros e uma lista de como utilizar cada item do kit. Códigos QR para vídeos tutoriais offline também são uma excelente opção, desde que não dependam de internet no momento do uso.
7. Cuidados específicos para crianças e idosos
- Antitérmicos infantis em forma de xarope ou gotas
- Comprimidos de fácil ingestão ou orodispersíveis para idosos
- Tabela de dosagem por peso
Medicamentos infantis devem ser armazenados separadamente e sinalizados com cores ou ícones. Isso evita erros em momentos de tensão.
8. Informações médicas e contatos de emergência
- Telefones importantes: SAMU (192), Bombeiros (193), vizinhos, parentes
- Resumo do histórico médico: alergias, medicamentos em uso, tipo sanguíneo
- Endereços de hospitais e postos de saúde próximos
Tenha uma pasta plástica com essas informações ao lado do kit. Isso é fundamental caso outra pessoa precise prestar ajuda.
9. Água potável e alimentos não perecíveis
- 2 litros de água por pessoa/dia
- Barras de cereais, castanhas, biscoitos e enlatados
Durante emergências, o acesso à água pode ser interrompido. Ela é essencial para hidratação e ingestão de medicamentos. Armazene os alimentos e a água próximos ao kit para facilitar o uso integrado.
10. Manutenção periódica e atualização do conteúdo
Crie um cronograma de revisão a cada 6 meses:
- Verifique datas de validade
- Reponha itens consumidos ou danificados
- Atualize os dados médicos dos moradores
Aplicativos como “Meu Remédio” ou Google Agenda podem ser usados para enviar lembretes automáticos de revisão.
Aviso legal e orientação profissional
Este conteúdo é baseado em diretrizes da Anvisa, Ministério da Saúde e da Cruz Vermelha Brasileira. Ele tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Consulte um profissional de saúde para recomendações específicas conforme o perfil de sua família.
Preparar-se para emergências é um ato de responsabilidade. Organize seu kit hoje mesmo e proteja quem você ama com segurança e eficiência.