Seu estilo de apego está sabotando seus relacionamentos? Entenda a psicologia por trás do amor e aprenda a transformá-lo

Você já se perguntou por que vive os mesmos padrões em seus relacionamentos? A forma como amamos — e como nos deixamos amar — está profundamente ligada ao nosso estilo de apego. Essa estrutura emocional, muitas vezes inconsciente, pode ser a chave para entender desde ciúmes excessivos até distanciamento afetivo. Neste artigo, vamos explorar os quatro principais estilos de apego, como eles influenciam os relacionamentos amorosos e, principalmente, como é possível mudar para construir vínculos mais saudáveis e duradouros.

O que é estilo de apego e por que ele influencia seus relacionamentos?

A Teoria do Apego, desenvolvida por John Bowlby e aprofundada por Mary Ainsworth, sugere que os vínculos que estabelecemos na infância com nossos cuidadores moldam como vivenciamos o amor na vida adulta. Isso significa que nossas experiências precoces podem influenciar profundamente a forma como lidamos com a intimidade, a rejeição e os conflitos emocionais.

Pesquisas recentes da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Psicologia da UFRGS indicam que o estilo de apego é um dos maiores preditores da qualidade e estabilidade dos relacionamentos amorosos. Reconhecer o próprio padrão é o primeiro passo para sair de ciclos de frustração afetiva.

Os 4 estilos de apego na vida adulta

Na psicologia contemporânea, os estilos de apego mais reconhecidos são:

  • Seguro: Confiança mútua, equilíbrio entre independência e intimidade, comunicação aberta.
  • Ansioso: Medo intenso de rejeição, necessidade constante de validação, comportamento controlador.
  • Evitativo: Dificuldade de demonstrar emoções, desconforto com a proximidade, tendência ao distanciamento.
  • Desorganizado: Alternância entre desejo de intimidade e medo de se machucar; comportamento instável.

Esses estilos não são imutáveis nem definidos geneticamente; são construções emocionais baseadas em experiências passadas e podem ser ressignificados com autoconhecimento e apoio profissional.

Apego seguro: a base dos relacionamentos saudáveis

Estima-se que cerca de 55% da população brasileira tenha um estilo de apego seguro, segundo dados da Sociedade Brasileira de Psicologia. Pessoas com esse perfil sabem expressar sentimentos, lidar com frustrações e respeitar o espaço do outro.

Em uma situação de conflito, por exemplo, uma pessoa segura pode dizer: “Vamos conversar com calma quando estivermos mais tranquilos”. Esse tipo de regulação emocional gera confiança e fortalece o vínculo no longo prazo.

Apego ansioso: quando o amor vem com medo de perda

Pessoas com apego ansioso vivem em alerta constante. Um atraso em uma resposta no WhatsApp pode gerar uma avalanche de pensamentos negativos: “Ele não gosta mais de mim?”, “O que eu fiz de errado?”. Esse comportamento pode sufocar o parceiro.

A raiz desse padrão está, muitas vezes, em vivências de rejeição ou abandono emocional. Técnicas como escrever um diário emocional, meditação e terapia cognitivo-comportamental ajudam a reduzir a ansiedade e fortalecer a autoestima.

Apego evitativo: amar sem se entregar

Indivíduos com apego evitativo tendem a racionalizar os sentimentos e manter distância emocional. Eles veem a dependência como fraqueza e evitam conversas profundas. Um exemplo clássico: “Precisa mesmo falar todo dia?” ou “Estou ocupado, depois a gente conversa.”

Esse comportamento geralmente surge de experiências precoces em que demonstrar afeto não era seguro ou aceito. Aprender a confiar e expressar sentimentos sem medo de vulnerabilidade é essencial para evoluir.

Apego desorganizado: o vai e vem emocional

O estilo de apego desorganizado é o mais instável. A pessoa quer proximidade, mas teme ser ferida, resultando em comportamentos contraditórios: se aproxima e depois se afasta abruptamente. É comum em pessoas que viveram traumas na infância, como abuso, negligência ou violência.

Nesses casos, o suporte profissional é fundamental. A terapia do esquema e a EFT (Terapia Focada nas Emoções) são abordagens recomendadas por psicólogos especializados em trauma e vínculos afetivos.

Como descobrir seu estilo de apego?

Ferramentas como o teste ECR-R (Experiências em Relacionamentos Próximos – Revisado) são utilizadas por psicólogos e podem ser aplicadas em clínicas, consultórios ou online. Plataformas como Vittude e Zenklub oferecem avaliações com psicólogos credenciados.

Saber seu estilo de apego não é um rótulo, mas uma ferramenta para compreender suas atitudes emocionais e iniciar um processo de mudança consciente.

Como cada estilo reage a conflitos nos relacionamentos

SituaçãoAnsiosoEvitativoSeguro
Demora na respostaAngústia, cobrançasDesconexão, silêncioEspera, busca diálogo
Pedido de atençãoCarência, insistênciaIrritação, afastamentoValida e acolhe
Ameaça de términoDesespero, apegoIndiferença, bloqueioReflexão e conversa

É possível mudar o estilo de apego?

Sim. O estilo de apego pode ser transformado com tempo, prática e orientação adequada. Estudos do Instituto de Psicologia da USP apontam que relações com parceiros seguros favorecem o desenvolvimento de padrões mais estáveis em pessoas com estilos inseguros.

A EFT (Emotionally Focused Therapy), desenvolvida pela psicóloga canadense Sue Johnson, já é amplamente utilizada no Brasil por psicólogos especializados em casais e vínculos emocionais. É possível construir segurança emocional por meio de experiências de afeto, confiança e comunicação consciente.

Dicas práticas para evoluir emocionalmente segundo o seu estilo

  • Ansioso: Escreva diariamente sobre suas emoções, pratique a autorregulação e fortaleça sua autoestima.
  • Evitativo: Exponha pequenos sentimentos, permita aproximação gradual e desafie crenças de autossuficiência extrema.
  • Desorganizado: Procure apoio terapêutico especializado, trabalhe o histórico de trauma e construa vínculos seguros passo a passo.
  • Para todos: Compreenda que cada pessoa sente e se comunica de forma diferente. Empatia e diálogo são chaves para relacionamentos saudáveis.

Conclusão: conhecer a si mesmo é amar melhor

Entender seu estilo de apego é um passo essencial para transformar sua forma de se relacionar. Não se trata apenas de melhorar relacionamentos amorosos, mas de desenvolver maturidade emocional, autoconhecimento e capacidade de criar conexões verdadeiras e duradouras.

Aviso: Este conteúdo tem base em evidências científicas da psicologia, mas não substitui acompanhamento profissional. Em casos de sofrimento emocional, procure um psicólogo registrado no Conselho Federal de Psicologia (CFP).