Enxaqueca crônica: magnésio e riboflavina funcionam quando os analgésicos falham?

Para quem sofre de enxaqueca crônica, a dor vai muito além de um simples incômodo. São crises intensas e recorrentes que podem incluir náuseas, sensibilidade à luz e ao som, e dores pulsantes que incapacitam por horas ou até dias. Quando essas crises acontecem por mais de 15 dias ao mês por três meses ou mais, a condição passa a ser considerada crônica, e os analgésicos tradicionais muitas vezes deixam de surtir efeito. Nesse contexto, uma abordagem alternativa tem ganhado destaque entre especialistas: o uso combinado de magnésio e riboflavina (vitamina B2).

No Brasil, estima-se que cerca de 30 milhões de pessoas sofram com enxaquecas, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia. A busca por métodos preventivos que sejam eficazes e bem tolerados é crescente, principalmente diante dos efeitos colaterais de medicamentos convencionais. Estudos recentes têm demonstrado que a suplementação com magnésio e riboflavina pode ser uma opção promissora. Mas como exatamente essas substâncias atuam? E qual é a base científica por trás disso?

Por que a enxaqueca se repete? Hiperatividade cerebral e falhas energéticas

A enxaqueca não é apenas uma dor de cabeça comum. Acredita-se que esteja ligada a uma condição neurológica chamada “depressão cortical alastrante”, em que o cérebro passa por uma explosão de atividade elétrica seguida de uma inibição brusca. Isso provoca inflamação, alterações vasculares e desencadeia a dor.

Além disso, há fortes indícios de que uma disfunção mitocondrial – ou seja, falhas na produção de energia celular no cérebro – esteja associada às crises. Nessas circunstâncias, nutrientes como magnésio e riboflavina podem atuar diretamente na raiz do problema, cada um com um mecanismo de ação específico.

Magnésio: o mineral que acalma os neurônios e estabiliza os vasos

O magnésio é essencial para mais de 300 reações enzimáticas no corpo, incluindo aquelas responsáveis pela transmissão nervosa e relaxamento muscular. Estudos apontam que pessoas com enxaqueca frequentemente apresentam níveis baixos de magnésio no sangue. A suplementação pode ajudar a reduzir a excitação excessiva dos neurônios e a prevenir crises.

De acordo com a Anvisa, a ingestão diária recomendada para adultos varia entre 260 mg e 420 mg. As formas mais indicadas são magnésio quelato, citrato ou bisglicinato, por apresentarem maior biodisponibilidade e menos efeitos gastrointestinais.

Riboflavina (Vitamina B2): energia celular para o cérebro

A riboflavina participa ativamente da produção de ATP, a principal fonte de energia das células. Quando há deficiência desse nutriente, o cérebro pode se tornar mais vulnerável a gatilhos de enxaqueca. Estudos clínicos demonstram que doses diárias de 400 mg de riboflavina reduzem significativamente a frequência e a intensidade das crises, sem causar efeitos colaterais importantes.

Em 2020, a American Academy of Neurology incluiu a riboflavina entre os tratamentos preventivos de eficácia comprovada para enxaqueca. Na Europa, diretrizes semelhantes foram adotadas por entidades como a European Headache Federation.

Combinação que funciona: efeito sinérgico preventivo

O magnésio atua controlando a excitabilidade neuronal, enquanto a riboflavina otimiza a produção de energia nas células cerebrais. Juntos, formam uma estratégia dupla e eficaz para reduzir a frequência das crises.

Uma pesquisa publicada na revista Cephalalgia em 2021 revelou que mais de 60% dos pacientes que utilizaram a combinação de 400 mg de magnésio e 400 mg de riboflavina por 12 semanas tiveram redução de mais de 50% nas crises. Os efeitos colaterais foram mínimos e a adesão ao tratamento foi alta.

Relato real: o que mudou após o uso da combinação

Fernanda, 37 anos, de Porto Alegre, sofria com enxaquecas semanais há mais de 10 anos. “Já não respondia bem aos analgésicos e os efeitos colaterais eram péssimos. Um nutricionista funcional me indicou essa combinação e, após dois meses, minhas crises passaram de três por semana para uma a cada duas semanas. Sinto que recuperei minha vida”, relata.

Casos como o de Fernanda têm se multiplicado em redes sociais, fóruns como o MigraBrasil e canais especializados no YouTube, onde neurologistas explicam os mecanismos por trás dessa abordagem.

Como tomar: posologia e recomendações

No Brasil, os suplementos combinados são vendidos em farmácias e lojas online como Droga Raia, Ultrafarma e Natue. Os produtos de melhor qualidade oferecem 300 a 400 mg de magnésio e 200 a 400 mg de riboflavina por dose diária.

O ideal é ingerir os suplementos junto com as refeições, para melhor absorção e menor impacto digestivo. Os primeiros efeitos começam a surgir a partir de quatro semanas, sendo necessário manter a suplementação por no mínimo dois a três meses para avaliação completa.

Cuidados e possíveis efeitos adversos

O magnésio em doses elevadas pode causar diarreia, especialmente em formas de baixa absorção como o óxido. Já a riboflavina pode deixar a urina com coloração amarelo-vivo, um efeito inofensivo e esperado. Pessoas com insuficiência renal ou que usam medicamentos contínuos devem consultar um médico antes de iniciar a suplementação.

Preço e disponibilidade no mercado brasileiro

Uma caixa com 30 doses do suplemento combinado custa em média entre R$ 60 e R$ 120, dependendo da marca, formulação e origem dos ingredientes. Marcas como Equaliv, Now Foods e Vitafor oferecem opções de alta qualidade, geralmente mais caras, mas com melhor tolerância e resultados.

É seguro usar com outros medicamentos?

Pacientes que já utilizam medicações como propranolol, topiramato ou antidepressivos podem, na maioria dos casos, usar magnésio e riboflavina de forma complementar. Ainda assim, é sempre importante informar o médico para evitar duplicidades terapêuticas ou interações medicamentosas indesejadas.

Persistência é o segredo: resultados vêm com o tempo

Ao contrário dos analgésicos, que agem de forma imediata, a ação do magnésio e da riboflavina é preventiva e progressiva. Não se trata de uma cura instantânea, mas sim de uma construção de equilíbrio neurológico e metabólico a médio prazo. A chave do sucesso está na constância e no acompanhamento profissional.

Uma vida sem enxaqueca é possível

Quando os remédios falham e os efeitos colaterais se tornam insuportáveis, o uso de magnésio e riboflavina surge como uma alternativa eficaz, segura e acessível. Baseada em evidências científicas e já adotada por profissionais da saúde integrativa, essa combinação representa um novo caminho na luta contra a enxaqueca crônica.

Mais do que tratar os sintomas, ela permite prevenir e recuperar a qualidade de vida de forma sustentável.