E se sonhar não for acaso? 7 descobertas científicas surpreendentes

O cérebro nunca dorme: onde começam os sonhos

Mesmo durante o sono profundo, o cérebro humano continua altamente ativo. A fase REM (Movimento Rápido dos Olhos), quando ocorrem os sonhos mais intensos, apresenta padrões de atividade cerebral semelhantes aos do estado de vigília. Pesquisadores consideram essa fase essencial para o processamento emocional e a consolidação da memória.

Um exemplo cotidiano: uma enfermeira de hospital em São Paulo, após um plantão exaustivo, sonha que está presa em um prédio sem saídas. Embora pareça absurdo, estudos mostram que o cérebro utiliza esse tipo de sonho para liberar tensões acumuladas e reorganizar experiências emocionais. Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) indicam que os sonhos desempenham papel fundamental na modulação de memórias afetivas.

Sonhos reorganizam nossa memória

Os sonhos são compostos por fragmentos de memórias reais. O cérebro reconstrói essas informações de forma criativa, formando narrativas novas e inesperadas. Essa reorganização facilita o armazenamento de informações relevantes e o descarte daquelas sem valor duradouro.

Estudantes universitários relatam com frequência sonhos com conteúdos que estudaram no dia anterior. Essa repetição onírica ajuda na fixação do aprendizado, especialmente quando as informações envolvem carga emocional significativa.

Emoções verdadeiras em mundos irreais

Embora o conteúdo do sonho possa ser fantasioso, as emoções vivenciadas são autênticas. A fisiologia responde com batimentos acelerados, suor e respiração alterada — sinais reais de envolvimento emocional.

Um dos exemplos mais comuns é o sonho de queda livre, que muitas pessoas relatam. Acordar com o coração disparado é resultado de um ensaio cerebral de situações de perigo, uma espécie de simulação que prepara o corpo e a mente para reagir a ameaças reais.

É verdade que algumas pessoas não sonham?

Na realidade, todos sonham todas as noites, mas nem todos se lembram dos sonhos. A recordação depende, em geral, do momento em que a pessoa acorda — especialmente se for durante ou logo após a fase REM.

Pesquisas conduzidas pelo Instituto do Cérebro da UFRN mostram que pessoas com maior frequência de lembrança dos sonhos têm conectividade mais ativa entre o lobo occipital e o córtex pré-frontal, áreas associadas à percepção e à autorreflexão.

Pesadelos: sinais de desequilíbrio emocional

Pesadelos recorrentes podem ser sintomas de ansiedade ou trauma. Em alguns casos, estão ligados a transtornos como o TEPT (transtorno de estresse pós-traumático), exigindo atenção profissional.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de atendimentos psicológicos por distúrbios do sono aumentou 28% nos últimos cinco anos. Os pesadelos, nesses casos, funcionam como alertas do subconsciente sobre conflitos emocionais não resolvidos.

Freud e a interpretação simbólica dos sonhos

Sigmund Freud acreditava que os sonhos são expressões simbólicas de desejos reprimidos. Embora sua teoria tenha sido contestada pela neurociência moderna, ainda influencia a psicoterapia e o imaginário popular.

Por exemplo, sonhar com afogamento pode representar a sensação de estar sobrecarregado ou sem controle em alguma área da vida. Esses símbolos oníricos ajudam a compreender emoções não verbalizadas e explorar camadas inconscientes da psique.

Sonhos lúcidos: é possível controlar o que se sonha?

O sonho lúcido ocorre quando a pessoa percebe que está sonhando. Com técnicas como anotações diárias, testes de realidade e meditação, algumas pessoas conseguem até modificar o roteiro do sonho conscientemente.

Em cidades como Curitiba e Porto Alegre, grupos de estudos sobre sonhos lúcidos se reúnem para compartilhar experiências. Um designer gráfico relatou que conseguiu visualizar layouts publicitários inovadores em seus sonhos — uma prova do potencial criativo durante o sono.

O valor cultural dos sonhos: entre ciência e espiritualidade

Na cultura brasileira, os sonhos ainda são associados a presságios, mensagens espirituais e intuições. É comum que famílias discutam sonhos e seus possíveis significados no café da manhã ou recorram a aplicativos como “Sonhe Agora” para interpretação.

Durante períodos de mudança — como troca de emprego, gravidez ou separações — cresce o interesse por sonhos simbólicos. Eles são vistos como guias subjetivos em momentos de incerteza.

Sonhos podem resolver problemas da vida real?

Existem vários relatos de insights criativos vindos durante os sonhos. Um dos mais conhecidos é o do químico August Kekulé, que sonhou com uma cobra em círculo e, a partir disso, concebeu a estrutura do benzeno.

Atualmente, algumas startups em São Paulo incentivam colaboradores a manter diários de sonhos como parte do processo criativo. Acredita-se que os sonhos proporcionem acessos a formas de pensamento não lineares, livres de bloqueios racionais.

Até onde a ciência consegue explicar os sonhos?

Apesar dos avanços nas neurociências, os sonhos continuam sendo um dos maiores mistérios do funcionamento cerebral. A ciência explica suas funções fisiológicas, mas seu conteúdo simbólico e subjetivo ainda escapa de explicações definitivas.

A pergunta “por que sonhamos?” abre portas para temas como memória, emoção, criatividade e identidade. O sonho talvez não seja apenas um subproduto do sono, mas uma ferramenta profunda de autoconhecimento.

Aviso: este conteúdo tem base em estudos científicos confiáveis. No entanto, interpretações de sonhos são subjetivas e não substituem avaliação clínica. Caso tenha distúrbios persistentes, procure um profissional da saúde mental.