Castração de gatos no Brasil: é realmente necessária? Benefícios, riscos e cuidados pós-operatórios

Por que considerar a castração do seu gato?

No Brasil, o número de gatos abandonados em áreas urbanas cresce a cada ano. Em muitas cidades, os abrigos estão superlotados e os programas de adoção não conseguem dar conta da demanda. A castração é uma das principais estratégias para o controle populacional felino, além de contribuir para o bem-estar do animal e facilitar a convivência no lar. Seja para gatos que vivem exclusivamente em casa ou para os que têm acesso à rua, a castração pode trazer mudanças positivas significativas.

Ainda assim, muitos tutores se perguntam: “Será que meu gato realmente precisa ser castrado?”. Neste artigo, abordamos de forma completa os prós e contras do procedimento, além dos cuidados necessários no pós-operatório, com base na realidade e cultura brasileira.

O que é a castração felina?

A castração é uma cirurgia que remove os órgãos reprodutivos do animal. Nos machos, é feita a remoção dos testículos; nas fêmeas, dos ovários e, em alguns casos, do útero. No Brasil, o procedimento costuma ser recomendado a partir dos 4 a 6 meses de idade, podendo ocorrer ainda antes do primeiro cio.

A cirurgia é realizada sob anestesia geral e leva em média 15 minutos para machos e de 30 a 45 minutos para fêmeas. O período de recuperação pode variar entre 7 a 10 dias, sendo essencial garantir repouso e cuidados higiênicos durante esse tempo.

Vantagens da castração de gatos

1. Evita ninhadas indesejadas

Uma única gata pode ter até três ninhadas por ano, com uma média de 4 a 6 filhotes cada vez. Isso gera uma superpopulação difícil de controlar. Castração é a forma mais eficaz de prevenir o abandono e reduzir o número de animais de rua nas cidades brasileiras.

2. Redução de comportamentos indesejados

Gatos não castrados tendem a fugir de casa, brigar com outros animais, marcar território com urina e exibir comportamento agitado, especialmente durante o cio. Após a castração, esses comportamentos diminuem consideravelmente, tornando o convívio mais tranquilo.

3. Prevenção de doenças

Castração reduz o risco de doenças graves, como infecções uterinas (piometra), tumores mamários nas fêmeas e câncer testicular nos machos. Quanto mais cedo o procedimento for feito, maior a proteção à saúde do animal.

4. Fortalecimento do vínculo com o tutor

Gatos castrados costumam ficar mais calmos, dóceis e afetuosos. Isso contribui para um relacionamento mais harmonioso com os humanos e reduz situações estressantes no ambiente doméstico.

5. Responsabilidade social

Em muitas cidades brasileiras como São Paulo, Recife e Porto Alegre, há campanhas públicas de castração gratuita promovidas por ONGs e órgãos municipais. Ao castrar seu gato, o tutor atua de forma ética e contribui para o bem-estar coletivo.

Possíveis desvantagens e pontos de atenção

1. Tendência ao ganho de peso

Após a castração, o metabolismo do gato desacelera e o apetite pode aumentar. Isso exige um controle maior na alimentação e incentivo à atividade física. Rações específicas para gatos castrados estão disponíveis no mercado brasileiro por cerca de R$25 a R$60 por quilo.

2. Riscos da anestesia

Como qualquer procedimento cirúrgico, a anestesia geral pode apresentar riscos, especialmente em gatos idosos ou com problemas de saúde. Exames pré-operatórios como hemograma e avaliação renal (R$100–R$300) são recomendados por muitos veterinários.

3. Mudanças temporárias no comportamento

Alguns gatos podem apresentar apatia ou falta de energia nos dias seguintes à cirurgia. Essa alteração costuma ser passageira e não representa problema, desde que o animal esteja se alimentando e urinando normalmente.

4. Cuidados com o pós-operatório

Fêmeas, especialmente, precisam de monitoramento rigoroso da incisão cirúrgica. Vermelhidão, inchaço ou secreções são sinais de alerta. O uso de colar elizabetano (R$30–R$70) ou roupa cirúrgica é indicado para evitar que o animal lamba os pontos.

Cuidados essenciais após a cirurgia

1. Ofereça um ambiente tranquilo

Prepare um espaço isolado, limpo e silencioso para o gato descansar. Evite ruídos, movimentações bruscas e o contato com outros animais durante os primeiros dias.

2. Observe o local da cirurgia

Verifique o corte cirúrgico pelo menos duas vezes ao dia. Não permita que o gato morda, lamba ou coce a região. Qualquer alteração deve ser relatada imediatamente ao veterinário.

3. Acompanhe alimentação e eliminação

É comum o gato não comer nas primeiras horas após o procedimento. Mas se passarem 24 horas sem se alimentar ou urinar, procure o veterinário. Ofereça pequenas porções de ração úmida ou alimento pastoso.

4. Limite as atividades físicas

Evite que o gato pule em móveis altos ou corra pela casa. O esforço físico pode abrir os pontos e atrasar a cicatrização. Bloqueie o acesso a locais elevados, como prateleiras ou janelas.

5. Siga todas as orientações veterinárias

Dê os medicamentos prescritos no horário correto e na dosagem recomendada. Não interrompa o tratamento sem orientação profissional. Reações como vômitos, diarreia ou sonolência excessiva devem ser reportadas ao veterinário imediatamente.

Castração: um gesto de cuidado, amor e responsabilidade

A decisão de castrar um gato deve ser tomada com base em informação, consciência e planejamento. O procedimento promove benefícios tanto para o animal quanto para a sociedade, reduzindo abandonos e melhorando a saúde e o comportamento do pet.

Converse com um médico-veterinário de confiança, informe-se sobre campanhas gratuitas disponíveis em sua cidade e lembre-se de que castrar é um ato de respeito à vida animal.

Este conteúdo foi elaborado com base nas recomendações de órgãos de proteção animal e clínicas veterinárias brasileiras. Cada gato tem suas particularidades, por isso, siga sempre a orientação de um profissional qualificado.