Por que as alergias se tornaram tão comuns na vida cotidiana?
No Brasil, estima-se que cerca de 30% da população sofra com algum tipo de alergia, segundo dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Ácaros, fungos, pelos de animais, produtos de limpeza e até roupas novas podem conter substâncias que provocam reações alérgicas, muitas vezes sem que a pessoa identifique a origem do problema.
Este guia foi elaborado para ajudar você a identificar os principais alérgenos ocultos em ambientes domésticos e a adotar medidas práticas, com foco no contexto brasileiro, para minimizar os sintomas e melhorar sua qualidade de vida.
Ácaros: os vilões invisíveis da sua cama
Presentes em colchões, travesseiros, sofás e tapetes, os ácaros se alimentam de fragmentos de pele humana e se proliferam em ambientes úmidos. Suas fezes e restos corporais são os principais causadores de alergias respiratórias como rinite e asma.
Para combatê-los, recomenda-se lavar roupas de cama semanalmente em água quente (acima de 60 °C), usar capas antiácaro e aspirar regularmente com filtro HEPA. Um desumidificador de ar, disponível no Brasil a partir de R$ 400, também ajuda a manter a umidade controlada.
Mofo: ameaça constante em áreas úmidas
Fungos e mofos costumam se desenvolver em banheiros, cozinhas e áreas com infiltração. As esporas liberadas no ar causam crises alérgicas, dor de cabeça, congestão nasal e até agravam quadros de asma.
Mantenha esses ambientes ventilados, limpe as áreas afetadas com vinagre branco ou água sanitária, e conserte vazamentos rapidamente. Produtos antimofo, como pastilhas e sprays, são facilmente encontrados em supermercados por preços entre R$ 10 e R$ 25.
Pelos e caspa de animais: carinho com precaução
Mesmo animais de estimação com pouco pelo podem causar alergias devido à caspa (fragmentos microscópicos de pele) e proteínas presentes na saliva, que se espalham facilmente pelo ar.
Escove seu pet regularmente em áreas externas, limpe a casa com pano úmido e aspirador HEPA, e evite que o animal durma no quarto. Purificadores de ar com filtro HEPA custam a partir de R$ 300 em lojas online nacionais.
Produtos de limpeza e fragrâncias: limpeza com efeito colateral
Muitos limpadores domésticos, amaciantes e desinfetantes contêm compostos voláteis como parabenos, formaldeído e fragrâncias sintéticas que podem causar irritação respiratória ou dermatológica.
Prefira versões sem perfume, com rótulo “hipoalergênico” ou “uso dermatologicamente testado”. Marcas brasileiras como Positiv.a, BioWash e Bioclub oferecem opções naturais e seguras, com preços a partir de R$ 12.
Aditivos alimentares e ingredientes ocultos
Conservantes, corantes e realçadores de sabor, como o glutamato monossódico (MSG), são frequentemente encontrados em produtos industrializados e podem causar reações adversas em pessoas sensíveis.
Verifique sempre o rótulo dos alimentos. No Brasil, a Anvisa exige que alergênicos como leite, soja, trigo e amendoim sejam declarados, mas “traços” não são sempre evitáveis. Sempre que possível, opte por alimentos frescos e preparados em casa.
Metais como níquel: perigo nos acessórios do dia a dia
Bijuterias, botões metálicos, cintos e relógios podem conter níquel, um metal que pode provocar dermatite de contato em pessoas alérgicas. No calor, o suor intensifica a reação.
Opte por peças com selo “níquel-free” ou feitas de aço cirúrgico, titânio ou plástico. É possível aplicar esmalte incolor como barreira temporária em fivelas e brincos. Kits para testar a presença de níquel podem ser encontrados em algumas farmácias especializadas.
Pólen: um dos maiores causadores de alergia no Brasil
Embora menos comentado que em países europeus, o pólen de gramíneas, árvores como o ipê e flores urbanas pode causar rinite alérgica, espirros, olhos vermelhos e cansaço, especialmente em regiões de clima seco ou na primavera.
Evite sair em horários de pico (manhãs e finais de tarde), mantenha janelas fechadas e lave roupas e cabelos após voltar da rua. Aplicativos como Climatempo indicam níveis de pólen e qualidade do ar em grandes cidades brasileiras.
Cosméticos: beleza com responsabilidade
Maquiagens, perfumes, cremes e shampoos contêm parabenos, fragrâncias e corantes que podem desencadear reações cutâneas. Peles sensíveis devem redobrar o cuidado.
Dê preferência a produtos com indicação dermatológica e fórmula simples. Antes de aplicar um novo cosmético, faça um teste no antebraço por 24 horas. Marcas como Sallve, Needs e Granado oferecem opções com menor risco de alergia, com preços a partir de R$ 20.
Roupas novas: o tecido também pode causar alergia
Tecidos novos podem conter resíduos químicos usados no tingimento ou no acabamento (como impermeabilizantes e amaciantes industriais), que causam coceira e vermelhidão.
Lave todas as roupas antes do primeiro uso, escolha tecidos como algodão orgânico, linho ou modal e evite roupas sintéticas justas. Busque peças com selo “ABVTEX” ou “OEKO-TEX”, que garantem menor uso de substâncias nocivas.
Dicas práticas para reduzir a exposição aos alérgenos
- Mantenha a casa arejada diariamente, mesmo em dias frios
- Use purificadores ou aspiradores com filtro HEPA
- Evite produtos com perfume ou corante desnecessários
- Limite o acesso de animais a sofás e camas
- Teste novos cosméticos em pequenas áreas antes do uso
Não dá para eliminar todos os alérgenos, mas é possível controlá-los
Eliminar totalmente os alérgenos do ambiente doméstico é praticamente impossível. No entanto, com informação e ações preventivas, é possível reduzir bastante os sintomas e ter mais bem-estar.
Se você sofre com sintomas persistentes, procure um alergista para exames específicos e possíveis tratamentos de dessensibilização. O SUS oferece atendimento gratuito em diversos centros de referência, e clínicas privadas realizam testes a partir de R$ 300.
Aviso legal: Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a orientação médica. Em caso de dúvida ou sintomas, procure um profissional de saúde.